data-filename="retriever" style="width: 100%;">Algumas vezes, mesmo quando nossos olhos são toldados pela tristeza, podemos encontrar razões para não chorar e para transformar a possibilidade da lágrima em aplausos. E foi isso, meus amigos, que senti ao saber da inesperada morte do gentleman Guido Isaia.
Tudo ou quase isso já se disse sobre ele e sobre o quanto sua morte afetará questões ligadas à vida cultural de nossa cidade, pois Guido foi um desbravador que fez de sua jornada entre nós palco de continuadas ações de generosidade, de doação e de demonstração de que o sucesso, na área da cultura, é dependente do trabalho, do desprendimento, mas também, além do necessário fomento público, de investimentos privados comprometidos com os interesses da coletividade e que transcendam à pura mercancia ou meros interesses negociais.
Muitos de nós acreditam que vida e morte são partes indissociáveis e complementares de uma caminhada que se alonga para muito além do fenômeno físico do perecimento da carne e que, cada trecho dessa caminhada, é oportunidade que se nos oferece para avançarmos na direção do progresso espiritual e da luz. Alguns, mais adiantados nesse processo evolutivo contínuo, vêm ao plano físico também para ensinar à maioria mais atrasada as lições do amor, da fraternidade e a importância de desenvolvermos valores culturais que tenham possibilidade de permanência e de resgate da dignidade que deveria ser o móvel das ações de quantos podem contribuir para o cresci-mento coletivo.
Não tenho dúvida quanto a ter sido Guido Isaia um desses avatares que vêm à Terra para iluminá-la e fazê-la mais aprazível, mais ajustada aos desígnios superiores que comandam avida e estabelecem padrões e roteiros que poucos conseguem cumprir com a elegância e a generosidade que balizaram sua prolífera e profícua jornada entre nós.
Por isso, amigos leitores, pela admiração que tenho pelo Guido, atrevo-me a prestar esta singela homenagem de reconhecimento e de gratidão. Que saibamos aproveitar suas lições, fazendo delas balizamento para nossas ações nos negócios, na vida cultural da cidade e na vida nossa de cada dia. Que nossos empresários se mirem no seu exemplo e invistam em cultura, independentemente da expectativa de retorno financeiro direto e imediato.
E que nós, que estamos, direta ou indiretamente, envolvidos nos processos de produção cultural de Santa Maria, saibamos honrar seu legado. Por Santa Maria, que ele amava, pelo futuro desta cidade que tem tudo para ser um centro irradiador de cultura. E que será se houver vontade política dos agentes públicos, recursos adequados, públicos e privados, e mais homens como Guido Isaia.
Hoje, pela perda de Guido, nossa cidade está menor. Como antes já encolhera quando perdemos Edmundo Cardoso, Pedro Freire Jr., Antônio Augusto Ferreira e Humberto Gabbi Zanatta.